segunda-feira, 8 de março de 2010

Carta dos professores denuncia propaganda mentirosa do Governo Serra

Em greve por tempo indeterminado a partir de hoje, os professores da rede pública paulista farão mobilizações nas cerca de 5.000 escolas estaduais. Eles explicarão aos estudantes, pais e funcionários que não recebem reajuste salarial há cinco anos e que a rede foi sucateada pelo governador, José Serra (PSDB), e o secretário de Educação, Paulo Renato Costa Souza. Os professores também mandarão cartas aos pais e usarão carros de som para denunciar a falência educacional que atribuem ao governo tucano.

Segundo a Apeoesp (sindicato dos professores), a categoria vai mostrar que as escolas reais nada têm a ver com as "escolas de mentirinha" que Serra, pré-candidato do PSDB à presidência, tem mostrado nas peças publicitárias de seu governo.

"O governo mente na sua propaganda. Onde estão as escolas com dois professores em sala de aula? Onde estão os laboratórios de informática abertos nos fins de semana com monitores?", acusam e cobram os professores na carta que começam a distribuir hoje à população de São Paulo.

A Apeoesp e outras entidades representativas do magistério programam ocupar espaço na TV nesta semana. Além disso, as subsedes do professorado paulista pelo interior circulão com carros de som. No próximo dia 11, os professores farão assembleias regionais e no dia 12, uma assembleia geral na capital.

Leia, abaixo, a carta dos professores à população paulista:

"Estamos em greve!
Pela dignidade do Magistério e pela qualidade da educação


Senhores pais, prezados alunos,

Você deixaria um estudante de medicina realizar uma cirurgia em seus pais ou filhos em lugar de um médico habilitado e experiente? Supomos que não. Então, por que o governo estadual permite e incentiva que estudantes e pessoas não habilitadas ministrem aulas no lugar de professores habilitados?

Com uma simples prova, o governo decidiu quem pode ou não pode ministrar aulas, desconsiderando aqueles que estudaram quatro ou cinco anos para serem professores. Com isto, não está respeitando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina que somente professores habilitados podem ministrar aulas. Muitos estudantes, tecnólogos e bacharéis estão ocupando essas funções.

Mas não é só isso! Todos nós percebemos que a rede estadual de ensino está um caos. As escolas estão desaparelhadas e os professores, desmotivados. O governo do Estado parece ver os professores como adversários e não como profissionais que merecem ser valorizados e bem remunerados. Acumulamos muitas perdas ao longo dos anos, pois não há uma política salarial, mas apenas bônus e gratificações.

Vocês vêem a forma desmazelada com que o governo trata as escolas estaduais. No ano passado, foram até distribuídos materiais com erros grosseiros, palavrões e temáticas inadequadas para os nossos alunos.

O governo mente na sua propaganda. Onde estão as escolas com dois professores em sala de aula? Onde estão os laboratórios de informática abertos nos fins de semana com monitores?

Através de provas e avaliações, o governo discrimina professores, não garante cursos de formação no local de trabalho, mantém salas superlotadas e não realiza concursos públicos. Hoje, 100 mil professores (ou 48% do total) são temporários. Não é possível trabalhar bem nestas condições, o que prejudica a qualidade do ensino.

Diante de tanto desrespeito, estamos dando um Basta! Queremos carreira justa, salário digno, condições de trabalho e condições de ensino-aprendizagem para nossos alunos. Por isto, precisamos da compreensão e do apoio de todos, pois, com a nossa luta, a qualidade do ensino vai melhorar.

Estamos em greve por tempo indeterminado, até que o governo negocie conosco o atendimento de nossas reivindicações em busca da melhoria da escola pública.

Diretoria da APEOESP

Notícias CNM/CUT