A Secretária não garantiu que as casas estejam localizadas próximas ao bairro Santo André II. “Vamos priorizar as famílias que tenham crianças na escola, mas não podemos garantir”, afirmou Mazé. As oito famílias viviam, desde 1996, numa área de 80 mil metros quadrados, pertencente à empresa Ramirez Diesel Ltda. A indignação dos desalojados se deve ao fato de terem posse dos recibos que comprovam que não são invasores, mas que adquiriram os lotes através da Cooperativa Habitacional do bairro.
João Almir Magalhães, 75 anos, vivia no número 30, da rua 4, com sua esposa de 65 anos. “Estou na rua, com minha mulher na cama, desenganada pelos médicos”, lamentou João, que vivia no local há 13 anos. O idoso carrega consigo uma pasta com todos os recibos das mensalidades quitadas em 1999, num valor total de R$4.700,00. João está vivendo na casa de um filho e suas coisas estão depositadas numa garagem, que segundo ele não está totalmente protegida da chuva.
Antero Bispo dos Santos tem 49 anos e foi um dos primeiros a chegar na área. Também quitou seu lote em 1999, no valor de R$4.700,00. Hoje, sua esposa e três filhos estão com parentes enquanto ele está alojado no abrigo do SOS (Serviço de Obras Sociais de Sorocaba). “Além do constrangimento de termos que usar um uniforme para ficar lá, dormimos num beliche muito perto do teto, que é quente”, reclamou Antero. “Além disso, temos horário para chegar e meu filho trabalha até a 1h”, completou.
José Galvão, que morava no bairro há seis anos com a esposa e mais três filhos, tem seus pertences distribuídos em três casas de amigos. “Meus três filhos estão na casa de uma amiga e eu e minha esposa em outra casa”, relatou Galvão. Mestre de obras, já perdeu um emprego devido às dificuldades que tem enfrentado em relação à posse da área e o atual emprego também está em risco.
Outros dois casos que impressionam são o de Neusa Francisca da Silva e Luis Carlos. Os dois tiveram suas residências derrubadas apesar de estarem numa área já decretada de utilidade pública pela Prefeitura. No local passará a avenida Ulysses Guimarães, prevista através do Programa Sorocaba Total. Neusa, que vivia com o filho portador de deficiência mental, teve que se separar do mesmo e teve seus pertences distribuídos em seis casas diferentes.
Famílias não estavam cadastradas
Apesar de o problema do bairro tramitar na justiça há pouco mais de uma década e o risco despejo das oito famílias estar sendo anunciado há alguns meses, a Secretaria da Cidadania ainda não tinha um cadastro das famílias. As famílias foram levadas à sede da Secretaria após a reunião para que o cadastro fosse efetuado.
Hamilton Pereira lembrou que no bairro há mais 365 famílias na situação das oito despejadas na semana passada. “Apesar de ser uma área particular, esse é um problema que acaba nas mãos da prefeitura”, alertou Hamilton. “Por isso seria importante que a Prefeitura se antecipasse para evitar esse tipo de constrangimento pelo qual estão passando as oito famílias.
Izídio também cobrou da Prefeitura o reconhecimento da área como de interesse social. “O que temos notado é a total falta de interesse do proprietário da área em negociar com os moradores, por isso, a Prefeitura precisa agir e de maneira rápida”, defendeu.
Segundo Mazé, o vice-prefeito, que deveria ter recebido a comissão vai debater o caso com todo o secretariado numa reunião no próximo dia 25/11.
Uma outra informação passada por Mazé Lima é de que 42 famílias serão transferidas da via por onde passará a avenida Ulysses Guimarães para um residencial a ser chamado “Tulipas”. Porém, o levantamento da situação sócio-econômica das famílias só deverá ter início na próxima segunda-feira (30/11).