A afirmação é da conselheira federal de psicologia, Elisa Rosa durante audiência pública realizada na Câmara Municipal, que discutiu a Luta Antimanicomial
O movimento da Luta Antimanicomial foi fundado em 1987, quando foi firmado o compromisso em realizar manifestações todo dia 18 de maio, com o intuito de mostrar e conscientizar a população brasileira de que é possível a recuperação de pacientes sem a existência de hospitais psiquiátricos.
Segundo a coordenadora municipal de Saúde Mental, Maria Clara Suarez, Sorocaba conta com quatro hospitais psiquiátricos e dez Centros de Atenção Psicossocial (Caps), sendo que dois deles são para atender pacientes com problemas alcoólicos e outras drogas, um que atende adolescentes e crianças até vinte e nove anos e outro para pessoas a partir de 29 anos, três Caps infantis e outros cinco que atendem diferentes patologias. “Também temos uma oficina terapêutica e quinze residências terapêuticas”, informou a coordenadora.
Para Lúcio Costa, membro do Fórum de Luta Antimanicomial de Sorocaba, FLAMAS, a cidade precisa mudar o modelo existente na cidade. “Temos dez Caps em Sorocaba e apenas três deles são
reconhecidos pelo Ministério da Saúde. Em Sorocaba, a iniciativa privada e ONGs fazem a gestão desse serviço, o que não pode acontecer”, enfatiza.
Projetos do governo federal, como o “Consultório de rua”, que visa o fácil acesso ao atendimento de pessoas usuárias de entorpecentes e o “De volta para casa”, foram citados por Lúcio como exemplos de Programas que o Poder Público poderia ter aderido.
Segundo a conselheira federal de psicologia, Elisa Zonerato Rosa, o fato de Sorocaba ter mais de mil pessoas que moram em hospitais psiquiátricos é um caso grave. “São mil pessoas que não têm direito de participar e contribuir na construção da nossa sociedade”, afirma.
Para ela, a cidade precisa que concepções e práticas transformadoras, “pois precisamos convencer muita gente de que transtorno mental se faz em liberdade e que não existem cuidados com privação da sociedade”. Ela também enfatiza que os interesses diversos que sustentam e mantém as mil pessoas dentro de hospital psiquiátrico, que são os interesses econômicos também precisam ser enfrentados. “Os municípios ganham dinheiro do SUS e não investem na gestão adequada, na reforma psiquiátrica”.
As propostas tiradas durante a audiência serão encaminhadas para a Secretaria de Saúde ainda esta semana.
Fotos: AI Câmara Municipal de Sorocaba