sexta-feira, 9 de julho de 2010

Coreso reclama de discriminação da Prefeitura

Chorando. Foi dessa forma que o presidente da Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso), José Augusto Rodrigues de Moraes, mostrou- se inconformado com a política da coleta seletiva em Sorocaba, durante entrevista no Cruzeiro do Sul, ontem a tarde. Ele considera que a Prefeitura discrimina a Coreso, que hoje coleta e destina 130 toneladas de material ao mês para a reciclagem e é aque recebe o menor subsídio mensal da Prefeitura. O incentivo inferior às demais a obriga recusar o ingresso de novos cooperados que pedem para participar, porque falta combustível e equipamentos necessários para ampliar os trabalhos.

Acompanhado da diretoria do Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania(Ceadec), José de Moraes fez críticas ao projeto que a Prefeitura pretende implantar centralizando toda as cooperativas em um único barracão, na Zona Norte. A Prefeitura foi consultada via Secretariada Comunicação e respondeu que não conseguiu estabelecer contato com o secretário de Parcerias, Roberto Juliano, presente em uma reunião fora do Paço.

A presidente do Ceadec, Rita de Cássia Gonçalves Viana, apresentou um cálculo para demonstrar a desigualdade dos repasses da Prefeitura entre as cooperativas. Dividindo o valor do subsídio mensal que cada uma recebe pela tonelada de material que informam coletar no mês, chegou ao seguinte resultado: a Coreso fica R$ 33,57 enquanto há cooperativa que recebe R$ 479,35. Outras duas, respectivamente, recebem R$ 234,33 e R$ 372,68. Segundo a presidente do Ceadec, essa pode ser a justificativa pelo qual apenas a Coreso tenta conquistar da Prefeitura a remuneração de R$ 104,00 por tonelada de material coletado aos catadores. O solicitado é o que a Prefeitura gasta hoje pela tonelada que vai para o aterro, entre o valor da coleta paga à empresa Gomes Lourenço e os custos para a manutenção do aterro. A partir de agosto, com o fechamento do aterro São João, o material que não for coletado para a reciclagem custará muito mais caro à Prefeitura para “exportar’ à outra cidade. A reivindicação não é feita apenas pela Coreso, mas para todo o trabalho de cooperativa de coleta de material.
Passado o período da crise financeira do ano passado, que mais prejudicou a venda de material coletado, o Ceadec informou que até agora foi recuperado apenas 40% do valor que as empresas pagavam pela tonelada do reciclável. Como consequência, a Coreso precisa de subsídios da Prefeitura, que paga valor superior às outras três cooperativas, que juntas, recolhem menos do que a média de 130 toneladas/mês declarada pela Coreso. Para tentar reverter essa situação os membros da diretoria do Ceadec e o presidente Coreso dizem que agora empenham-se ao máximo para que os vereadores derrubem o parecer de inconstitucionalidade na Câmara ao projeto de lei que prevê o pagamento para os cooperados. A comissão de Justiça da Câmara observou que existe inconstitucionalidade no projeto de autoria do vereador Izídio Brito Correia (PT) que prevê a remuneração. Se o parecer for derrubado pelos demais vereadores a decisão caberá ao prefeito Vitor Lippi.
Mesmo reconhecendo o risco da Câmara criar uma lei que a Prefeitura poderá contestá-la na Justiça, o diretor do Ceadec, Carlos Roberto de Gáspari, argumenta que as medidas precisam ser tomadas “passo a passo”. O projeto deveria ser apreciado ontem, o que deixou de ocorrer porque o tempo da sessão esgotou-se antes. A nova previsão é que vá para a votação na próxima terça-feira.

Centralização
Os responsáveis pela Coreso e pelo Ceadec opinam que o projeto que a Prefeitura tende adotar possui problemas. Dizem que a criação de um único barracão para abrigar todas as cooperativas vai elevar muito o custo de transporte do material. Dizem também que os sete mil metros quadrados deste barracão será insuficiente para receber todo o material reciclável da cidade. Também discordam da alteração dos catadores fazerem a coleta com o caminhão em movimento, como é feito hoje pela empresa que recolhe o lixo. Para eles o material reciclável deve ser feito com contato direta da população.

Jornal Cruzeiro do Sul

Notícias CNM/CUT