sexta-feira, 16 de julho de 2010

Artigo - Reciclagem e geração de renda

É triste ver o governo de Sorocaba reduzir um tema tão importante quanto a coleta seletiva a uma mera disputa de poder, sobre quem “manda mais” na cidade: o Executivo ou o Legislativo.

A administração do prefeito Vitor Lippi deixa de implantar uma política municipal de coleta apenas pela satisfação de não reconhecer o mérito de duas iniciativas: um Projeto de Lei elaborado por um vereador da oposição e o trabalho pioneiro desenvolvido pela Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso).

Há mais de um ano tento negociar com o prefeito seu apoio ao projeto de lei (PL) 196/2009, de minha autoria, que cria condições para ampliar a coleta seletiva de recicláveis e prevê remuneração para os catadores. Remuneração essa que tem como base o mesmo valor, R$ 103,70 por tonelada, que a prefeitura hoje paga para uma empresa particular recolher o lixo nas ruas e despejá-lo no aterro, sem medidas de reciclagem.

Já disse publicamente e repito: se o problema é a autoria do projeto, retiro meu nome da proposta. A prefeitura tem meu apoio para fazer ajustes no projeto e apresentá-lo à Câmara Municipal como iniciativa do Executivo. Minha exigência apenas é que não se descaracterize a idéia original, que se mantenha a essência do projeto.

Quanto à implicância do Paço, na figura do secretário de Parcerias Roberto Juliano, em relação à Coreso, é incompreensível. Trata-se de uma cooperativa com 11 anos de experiência acumulada. Ela foi formada por iniciativa da própria sociedade civil e gera renda para dezenas de famílias de catadores.

Apesar desse currículo da Coreso, é nítida a preferência do secretário Juliano por cooperativas criadas com o apoio da prefeitura, como a Ecoeso, a Reviver e a Catares. O tratamento desigual dado pelo Paço às cooperativas já foi comprovado em declarações de integrantes da equipe de governo em diversas matérias jornalísticas.

Eu também apóio a Ecoeso, a Reviver e a Catares. Mas meu apoio é direcionado ao trabalho dos catadores, não necessariamente à forma como essas cooperativas são gerenciadas.

Reportagem recente do Cruzeiro do Sul sobre denúncias de irregularidades na Ecoeso, por exemplo, trouxe à tona, no mínimo, a falta de acompanhamento, por parte do secretário Juliano, do que acontece na instituição pela qual ele tem tanto apreço.

Vale ressaltar que o secretário utilizou, várias vezes, a Ecoeso como referência para tentar desqualificar a Coreso e para se opor ao PL 196/2009.

O secretário afirma que as três cooperativas que ele aprecia não concordam com o PL 196/2009, que não querem firmar contrato com a prefeitura e ser remuneradas pela coleta. Ele afirma que essas cooperativas preferem ganhar um galpão centralizador dos produtos coletados.

Mas é curioso o fato de catadores desaprovarem um projeto que prevê remuneração por tonelada recolhida e que estimula a expansão e descentralização da coleta, não é?

Na minha opinião, a autêntica cooperativa dessa atividade é formada por catadores de recicláveis. Profissionais de outros segmentos podem participar como apoio e assessoria técnica (e isso é louvável), mas não como cooperados.

Empresas e instituições que apóiam a reciclagem também merecem nossas congratulações. A Uniso, por exemplo, apóia a Catares. A empresa Johnson Controls é incentivadora da Reviver. Tenho certeza que esses apoiadores não gostariam de passar pela situação que passou o secretário Juliano e ter que dizer que foram pegos de surpresa, diante de eventuais denúncias de irregularidades.

Vereador Izídio de Brito Correia

Notícias CNM/CUT