segunda-feira, 12 de abril de 2010

Serra omitiu problemas de superfaturamento com o Rodoanel

O ex-governador José Serra faltou com a verdade quando afirmou, na última semana, que o Rodoanel não apresentava problemas com o Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2009, os problemas em torno do Rodoanel ocorrem primeiro em razão do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com o Ministério Público Federal, que reduziu o valor dos pagamentos previstos em R$ 339,7 milhões.

Sem o TAC, o repasse de recursos federais que chegaram a R$ 1,2 bilhão para o trecho sul seria suspenso pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que havia apontado indícios de superfaturamento na obra.

O mesmo acordo restringiu a concessão de aditivos em dinheiro, o que impediu as empreiteiras de pedir mais recursos, caso surgissem novas despesas, algo comum em grandes serviços de engenharia.

Só que, depois, vieram as chuvas e sucessivos atrasos na obra, inaugurada incompleta há uma semana pelo ex-governador José Serra. Sob chuvas e sem poder atrasar a obra, as empreiteiras tiverem que usar métodos mais caros na preparação de terrenos.

O próprio secretário de Transportes, Mauro Arce, disse na inauguração do Rodoanel que o trabalho ficou praticamente suspenso em janeiro. Por causa disso, o governo cobrou agilidade para entregar o trecho, exigindo mais horas extras, encareceu a obra.

Consórcio estuda cobrar mais por Rodoanel

As empreiteiras do trecho sul do Rodoanel paulista alegam ter tido prejuízo com a obra. Ao menos duas delas, a Odebrecht e a Constran, do consórcio ArcoSul, já estudam requisitar ao governo do Estado pagamentos extras devido ao encarecimento do preço final do anel viário.

Somente a obra civil custou R$ 3,24 bilhões aos cofres dos governos de São Paulo e federal, que bancou R$ 1,2 bilhão. O valor total do empreendimento, que inclui desapropriações e compensações ambientais, alcançou cerca de R$ 5,1 bilhões.

Os consórcios ainda discutem as diferenças entre o que receberam e a despesa real, já que cada um enfrentou percalços distintos na execução do trecho sul. No mercado, fala-se em prejuízo de R$ 600 milhões.

Procurado, o secretário de Estado dos Transportes, Mauro Arce, negou saber do suposto prejuízo dos consórcios. Uma representante da Dersa, estatal de transportes subordinada ao secretário, porém, participou de reuniões no Ministério do Trabalho em que consórcios apontaram as perdas ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada.

As reuniões ocorreram para discutir o valor da PLR (participação nos lucros e resultados) aos operários do trecho sul.

Reportagem da Folha de S. Paulo procurou todas as empreiteiras líderes dos cinco consórcios -Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS.

A Odebrecht e a Constran, responsáveis pelo lote 2, afirmaram de forma sucinta que avaliam cobrar mais dinheiro porque executaram “serviços não previstos no contrato”.

Já a Camargo Correa se limitou a confirmar que nada lucrou. As outras empreiteiras não quiseram falar oficialmente a respeito do assunto.

Fonte: Folha de S. Paulo – 9/4/2010

Notícias CNM/CUT